A pressa pela vida
Uma sala grande e clara, as paredes são brancas e têm desenhos infantis discretos que inspiram o ambiente, extremante calmo. O silêncio só é quebrado quando as sirenes agudas passam dando o sinal de alerta. Fora isso, o único barulho vem dos tubos respiratórios e monitores cardíacos que auxiliam no funcionamento e bem-estar de pacientes muito especiais.
Incrivelmente pequenos (com idade gestacional entre 27 e 28 semanas), alguns chegam a pesar quinhentos gramas. Eles não têm peso, nem tamanho. Sabem respirar, mais não têm pulmões maduros e prontos para tal esforço. O que não falta é força de vontade para superar tantas limitações. Assim, são classificados como bebês prematuros.
Esse é o ambiente da UTI Neonatal do Hospital Maria do Carmo, de São José dos Campos, onde de cada dez bebês internados, nove são prematuros. Esses bebês chegam a ficar internados, dependendo do seu estado clínico, de 2 a 4 meses. O tempo real é determinado pelo próprio bebê e seu desenvolvimento dentro do hospital.
O importante é entender esses avanços, que acontecem na maioria dos casos regulamente mês a mês, semana a semana e observar alguns aspectos:
*A pele é extremamente sensível. É preciso ter cuidado no toque, que deve ser apenas contensivo.
*Os rins não filtram o sangue adequadamente.
* O fígado não tem enzimas suficientes para ajudar na digestão dos alimentos.
* O intestino não é capaz de processar o leite, e precisa receber alguns nutrientes pela veia, ou leite de fabricação laboratorial facilitando essa digestão.
*A boca: a sucção não esta desenvolvida, precisando receber alimentos pela veia e ter um acompanhamento com a fonoaudióloga.
* Os olhos podem deslocar a retina e levando á perda da visão.
* Os pulmões falta surfactante, uma substância que garante o funcionamento do órgão.
* O coração, o canal que liga a artéria aorta á pulmonar pode estar aberto e precisa ser fechado com cirurgia.
Assim, o recém-nascido prematuramente e de baixo peso está sujeito ao duplo risco, social e biológico, podendo ocorrer prejuízos em seu processo de crescimento e desenvolvimento. Apesar de todas as dificuldades o prematuro tem a tecnologia a seu favor, que ainda com toda sua fragilidade, prova que a vontade pela vida é ainda maior.
“Ele é um vitorioso, luta todos os dias pela vida” diz Nilza Cristina, mãe do Felipe de 8 meses de gestação.
Estudos recentes mostram a importância dos cuidados maternos, e da permanência das mães junto aos filhos, durante a hospitalização deles, apresentando reflexões sobre a influência e os danos da separação mãe-filho nesse processo. A pediatra Cândida Policarpo admite “O contato com os pais é importantíssimo no tratamento , mesmo prematuro o bebê consegue reconhecer a voz e o toque.”
Essa visita dos pais é diária na rotina do hospital, e alguns cuidados são importantes para preservar a segurança de cada bebê.
Para isso é preciso tomar algumas medidas simples como lavar bem as mãos antes de entrar na UTI, e sempre que for tocar na criança.Usar avental do hospital ,não entrar com anéis, relógio ou qualquer outro objeto. Se estiver gripado ou qualquer outra doença, é proibida a entrada do familiar. Essas medidas são importantes para controlar a infecção hospitalar, que para o bebê prematuro com pouca imunidade pode ser fatal .
Assim, os pais e a família de um recém-nascido prematuro de alto risco, assistido em UTI merecem atenção especial dos profissionais que atuam nessa área, particularmente da equipe de enfermagem que acompanham essa rotina.
“Enquanto estiverem aqui são nossos filhos”, brincam as enfermeiras aos risos em um momento de descontração.
“Como no coração de mãe, que sempre cabe mais um, seja menino ou menina, branco ou negro, a equipe está sempre disposta para se revezar em cuidados especiais e amor igual a todos”, defende a chefe de enfermagem Maria Júlia Sampaio, que comanda sua equipe de cinco auxiliares e técnicas. Ela lembra que falta preparação para os pais, com informações sobre a prematuridade. “Ninguém está preparado para nascimento antecipado de um bebê e ter que vir para o UTI”.
É o que conta Maria Cleusa , mãe do Miguel, que nasceu de 30 semanas, pesando um quilo e duzentos gramas .“Arrancaram de mim minha melhor parte, não consegui voltar pra casa, e na primeira noite pensei que fosse morrer de tanta dor, por que eu? perguntava pra Deus não me conformar com o que estava acontecendo,e não me conformo até hoje”, lembra ela com os olhos cheios de lágrimas.
Assim como Maria, em 2008, já superava a meta de 200 mil casos como esse no Brasil e isso vem crescendo a cada dia principalmente atingindo as mães mais jovens.
Na rotina do UTI NEO a presença da psicologia também é frequente. O acompanhamento chega antes, ainda no pré parto, com informações sobre visitas, ordenha e sobre o funcionamento da UTI.
Após o parto, as mães são acolhidas por duas psicólogas que se revezam para ajudarem nesse processo de aceitação.
A psicóloga Célia Mara Vieira lembra que para as mães que tem os filhos prematuros oscilam muito de temperamento. “As mães de bebês prematuros são bombardeadas de muito stress, com situações intensas, o convívio com a troca de equipe, e vêem outras mães que estão de saída, essa mãe tem um sofrimento mais longo”.
Esses sentimentos podem ser atenuados ou reforçados de acordo com a recuperação de cada bebê. Para a mãe Silvia Helena, tudo é muito demorado. “O ritmo de um prematuro é muito lento, tudo é muito intenso e só que viveu isso sabe como é dolorido ser uma mãe de um bebê no UTI, sinto que amadureci muito com essa nova vida”. Com lágrimas nos olhos, Silvia diz que recebeu um presente de Deus, e quer abrir bem devagarzinho. (risos)
É importante lembrar que os avanços tecnológicos tornaram viáveis nascimentos de bebês prematuros, e que antes dos anos 80, isso não era possível.
Crianças morriam de asfixia, o mesmo que aconteceu com Patrick,o filho caçula do presidente John F.Kennedy, que nasceu em 1963, pesando 2 quilos no sétimo mês de gestação,e faleceu por falta de estrutura.
Essa morte precoce estimulou um grande investimento em pesquisa e equipamentos nos Estados Unidos,até que surgiram as primeiras UTIs neonatais, permitindo assim o nascimentos de bebês como Miguel,Felipe,Pedro e tantos outros que diariamente traçam sua luta pela vida.
Por Analice de Sá
Uma vida em nove meses
Desde o momento que a gravidez é descoberta, as futuras mamães possuem a preocupação e a curiosidade em saber como é o desenvolvimento do seu bebezinho, a cada mês de gestação. Não é mesmo? Pensando em vocês, mães curiosas e aflitas, contaremos como o bebê se desenvolve a cada mês de gestação.
Pois bem, a gestação para os médicos é contada por semana e não por meses como é falado popularmente. A gravidez dura aproximadamente 40 semanas, o que seria mais ou menos os nove meses. “A cada semana o feto se desenvolve e por isso é importante ter o acompanhamento médico e o pré- natal é indispensável para que possamos acompanhar este crescimento”, alerta a médica Carolina Bastos.
Como a curiosidade deve estar grande, separamos (para facilitar) os meses por tópicos, então, boa leitura!
Primeiro mês ( 0 - 4 semanas): A gravidez é contada a partir do primeiro dia da última menstruação e a fecundação só acontece semanas mais tarde. Cinco a seis dias depois da fecundação, o óvulo divide-se em células e implanta-se no útero. Já na segunda semana o futuro embrião mede cerca de 1mm de diâmetro. Na terceira semana o embrião já esta com o tamanho de um grão de arroz e agora começa a formação dos órgãos e da placenta. Nessa semana a menstruação da mulher já atrasa e a suspeita da gravidez começa a surgir. Na quarta semana o embrião possui o tamanho de um feijão e o desenvolvimento do bebê começa pela cabeça. Já se inicia o crescimento do pescoço, cabeça, olhos, orelhas, cérebro e coração.
Segundo mês ( 5 - 8 semanas): A cabeça do embrião continua crescendo. O estômago, o intestino, o pâncreas e o aparelho urinário também se desenvolvem. O embrião já possui 1,3 cm e já possui intestinos, rins, fígado e pulmões. Começa a se formar os órgãos sexuais e o sistema nervoso e s eu coração começa a bater. Na oitava semana o rosto já está mais visível e suas pernas e braços estão compridos e os dedos quase formados.
Terceiro mês ( 9 - 12 semanas): O feto já tem todos os órgãos em formação. O bebê vai ganhando a forma do corpo humano e a cartilagem com as costelas começam a surgir.
Quarto mês ( 13 - 16 semanas): Já é possível medir a cabeça, o que permite calcular o final da gravidez e a data quase certa do parto. Na décima sexta semana as mãos já estão formadas, inclusive com pequenas unhas. O feto começa a se mexer e, ainda que, fracos as mamães começam a sentir os pontapés.
Quinto mês ( 17 - 20 semanas): Nessa fase o feto já conhece suas mãos e chupa seu dedo. Os dentes de leite, em sua maioria, já estão formados. As batidas do coração são ouvidas perfeitamente com o estetoscópio obstétrico. No fim do quinto mês a mãe já sente o seu filho perfeitamente. O feto já ouve a voz da mãe e percebe ouras vozes.
Sexto mês ( 21 - 24 semanas): As impressões digitais começa a surgir e a formação das unha estão completas. Reconhece os sons e as músicas lentas o acalma, assim como, o barulho exterior o assusta se mexendo muito. Nessa fase o bebê faz diversos movimentos intercalando com as pausas do sono. O bebê começa a respirar no final do sexto mês.
Sétimo mês ( 25 - 28 semanas): Os pulmões estão praticamente desenvolvidos. Sua pele é fina. O estômago e o intestino já estão funcionando. Nesta fase o bebê já abre os olhos e é capaz de ver, além de ouvir muito bem.
Oitavo mês ( 29 - 32 semanas): Falta completar a produção dos pulmões. Neste mês o bebê pode já se posicionar para o parto, mas não é uma regra. Seu crescimento continua rapidamente.
Nono mês (33 semanas até o parto): O bebê continua a ganhar peso e seus órgãos já esperam pelo nascimento. As mães podem notar a pressão da cabeça da criança na pélvis é a posição que o bebê certa para o nascimento.
Por Carolina Freitas
Cigarro potencializa risco de parto prematuro
Falar dos malefícios do fumo já não é mais novidade para ninguém. O pior é que ainda tem gente que insiste em acender cigarro.
Mulheres que fumam durante a gravidez têm maiores riscos de ter um parto prematuro. ”O cigarro potencializa o risco de abortos, diminuição do fluxo sanguíneo para o bebê (recebendo menos nutrientes e oxigênio), baixo peso ao nascer e complicações respiratórias, já que os pulmões se desenvolvem menos”, alerta a doutora obstetra Regina Aparecida.
Mulheres grávidas que fumam levam as substâncias tóxicas do cigarro para o seu bebê através do cordão umbilical.
O que acontece normalmente é que quando a mamãe se descobre grávida o cigarro ainda faz parte da sua vida. Nessa fase de largar temporariamente o cigarro. “Quando descobri que estava grávida já estava de dois meses, a partir de então larguei o cigarro de vez graças a minha filha que hoje tem 10 dez anos”, conta Neuza Teixeira Soares.
Tais agravos são devidos, principalmente, aos efeitos do monóxido de carbono e da nicotina exercidos sobre o feto, após a absorção pelo organismo materno. Um único cigarro fumado por uma gestante é capaz de acelerar, em poucos minutos, os batimentos cardíacos do feto, devido ao efeito da nicotina sobre o seu aparelho cardiovascular.
Efeitos da Fumaça sobre a Saúde da Criança
Se a mãe fuma depois que o bebê nasce, este sofre imediatamente os efeitos do cigarro. Durante o aleitamento, a criança recebe nicotina através do leite materno, havendo registro de intoxicações atribuíveis à nicotina (agitação, vômitos, diarréia e taquicardia) em filhos de mães fumantes de 20 ou mais cigarros por dia. Em recém-nascidos, filhos de mães fumantes de 40 a 60 cigarros por dia observaram-se acidentes mais graves como palidez, cianose, taquicardia e crises de parada respiratória.
“Não consegui largar o cigarro, durante a gravidez Camila nasceu com uma Doença na pele e retardo mental, hoje reconheço minha falha e me sinto mal em fazer pagar por um erro meu”, desabafa a dona de casa Olivia Campos.
Mesmo que não queira ou não deseje mais filhos, pense na possibilidade de parar com o cigarro. Fumar prejudica a sua saúde e de quem está por perto.
Por Sarita Souza
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